28/03/2024

Leituras de um Março chuvoso e o livro que eu gostaria de ter escrito!

 "O Hotel New Hampshire", de John Irving

Traduzido por Ana Falcão Bastos, li-o nos anos 90 por ter tido a sorte da Cláudia (a filha da tradutora) me ter  emprestado esse livro (entre outros também icónicos da nossa geração), relendo-o há uns dias. Ficou-me uma certa nostalgia desse escritor que nos acompanhava juntamente com o Paul Auster. A um ritmo alucinante, a história entranha-se e ganha-se uma estima pela família de Franny, desejando ser a sua criadora. Não aconselhável a jovens conservadores de ultra direita! 

21/02/2024

Novas leituras / Fevereiro 2024

 "Assim lhes fazemos a guerra", de Joseph Andras

"(...) E depois foi necessário cozer os alimentos, manter à distância as criaturas ferozes e estender o dia, e então a espécie domou o fogo. Foi preciso dar a conhecer a lei, os feitos insignes e os números das cidades florescentes, e então a espécie inventou a escrita. Foi preciso trespassar a carne do inimigo ainda com mais vigor, e então a espécie construiu o canhão. E quando a espécie teve tudo isso, as palavras bem posicionadas na laringe, o fogo bem dominado na lareira, as frases cuidadosamente elaboradas nos pergaminhos em peles e os crâneos importunos perfurados ao longe, a espécie não escondeu o seu orgulho. Todavia ela não havia de deixar de se aperceber de que havia qualquer coisa de errado (...)" (tradutor: Luís Leitão)

Três histórias de grande potencial transformador porque não são só as viagens que nos transformam mas mais do que elas, são as grandes ideias. Um pequeno grande livro sobre sabotagem.


"Sem olhos em Gaza", de Aldous Huxley

"Os grandes artistas transportam-nos ao céu".

"Um dia feliz", de Pearl Buck

"Wakefield", de Nathaniel Hawthorne

"O cemitério dos barcos sem nome", de Arturo Pérz-Reverte

30/01/2024

Leituras

 "Não matem o bébé", de Kenzaburo Oe


Kenzaburo Oe (1935-2023), escritor japonês,  laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1994. 




"A insustentável leveza do ser"

 "O sonho é a prova de que imaginar, sonhar com o que nunca existiu, é uma das necessidades mais profundas do homem".

"já tivera tempo para perceber que as pessoas se regozijam de mais com a humilhação moral de outrem para deixar que lhes estraguem esse gosto com explicações".

Novas leituras

 Pearl S. Buck, "As três filhas da senhora Liang"

"(...) Agora não havia pássaros. Tinham sido exterminados por ordem governamental, e o Governo descobrira, tarde de mais, que sem pássaros os insetos se transformavam numa verdadeira praga."

(Referência à Campanha da quatro pragas: ratos, moscas, mosquitos e pardais. O extermínio dos pardais fez com que proliferassem os insetos, razão essa (entre outras más decisões de  Mao Tsé-Tung) que deu  origem à Grande Fome, entre 1959 e 1961, na China).

24/12/2023

Leituras: "Uma outra volta de carrocel", de Tiziano Terzani

 "Em 1959, os comunistas chineses , sob as ordens de Mao, invadiram o Tibete, puseram a ferro e fogo os mosteiros, massacraram milhares de monges e obrigaram o Dalai Lama a fugir da Índia. Aquele Tibete, país misterioso e independente, acabara aí. A seguir, foi colonizado, destruído e voltado a construir à maneira chinesa. Mas o mito sobreviveu. Ou antes: tornou-se o símbolo da civilização do espírito atormentado pelo materialismo comunista."

" (...) é sabido que tudo, qualquer coisa, qualquer lugar, qualquer acontecimento, possui o seu significado psíquico para além daquele que é aparente; porque a cada imagem exterior, visível, corresponde uma imagem interior, que evoca em cada um de nós uma realidade muito mais verdadeira e profunda do que a que chega até nós através dos sentidos. Deverá ser este, certamente, o sentido dos símbolos, dos mitos e das lendas - ajudam-nos a ir muito mais além, a olhar para lá do visível (...)"

"(...)O escritor inglês Somerset Maugham entrou um dia na sala onde se encontrava o Ramana e desmaiou"  (em rodapé acrescenta: Somerset Maugham referiu-se a essa ocorrência no seu livro de ensaios Pontos de vista (1958)e, a partir dessa experiência, haveria de nascer um dos seus mais famosos romances, O fio da navalha (1944)).

" Não é necessário andar à procura do que é extraordinário, quando o vulgar, se for observado como deve ser, por si só já tem imenso de surpreendente. E até de divino".

(Tradução por Pedro Sousa Pires)

Tiziano Terzani/ foto da Net


"As Benevolentes" e sua pequenas passagens poéticas

 "Além disso era Outono, uma chuva cinzenta e suja despia as árvores, afundei-me lentamente na angústia. Apercebi-me de que pensar não é coisa boa." (: 14) As Benevolentes

"Murmurar noturno do rio" : 15 idem

"Um tranquilo abandono banhava o lugar" : 207 idem

"Um vento ligeiro fazia crepitar as árvores": 237 idem



Jonathan Littell / Foto da Net


Novas leituras

 "As Benevolentes" de Jonathan Littell e "Uma outra volta de Carrocel" de Tiziano Terzani traduzido do italiano para o português pelo meu irmão Pedro (Pi).


Começando pelas Benovolentes acho que posso dizer que foi o livro que me custou mais ler em toda a minha vida. Interrompi diversas vezes a sua leitura recomeçando-a meses mais tarde, intercalando-o com outros livros. Trata-se da narração de episódios da vida de um oficial nazi, na primeira pessoa (uma personagem criada pelo escritor), desde a passagem pela frente de combate  junto a Leninegrado até ao bombardeamento de Berlim pelos aliados entre outros episódios aterradores. O que me impressionou foi a importância da abordagem  matemática que é apresentada. E lê-se, na esperança do arrependimento da personagem, embora isso nunca aconteça. 

O último livro que li foi uma experiência extraordinária. Já tinha lido do mesmo escritor jornalista a edição da Tinta da China o "Disse- me um adivinho" e quando o meu irmão me deu para ler, ainda por editar, "Uma outra volta no Carrocel" não me apercebi que se tratava do mesmo autor. Pode-se dizer que são escritos de viagem, uma quase diário, mas, é quanto a mim, e sobretudo, um livro  fora do baralho. Podia estar na prateleira da biblioteca, secção de viagens mas também podia estar na secção de medicinas alternativas ou ainda na secção de livros para ler quando me encontro doente e me quero sentir melhor!

22/12/2023

Desenho e decalque sobre tábua de madeira

"Coral", desenho a marcador e decalque sobre tábua de madeira, 2023

 Este trabalho começou nos Açores, por volta de 2009, tendo ficado inacabado.No outro dia, por motivo de obras no meu atelier, fui encontrá-lo dentro de uma caixa de cartão juntamente com outros desenhos dispersos. Fui buscar a minha coleção de decadry e um livro de poemas e terminei-o. Para oferecer à Isabel Rocha.

25/10/2023

Leituras

 "Conhecer uma mulher" de Amos Oz


"As pessoas anseiam fascinar ou encantar os outros para preencherem um vazio dentro de si próprias (...)"

"Por vezes acontecia-lhe que essas noites de Outono, em que o cheiro do mar frio infiltrando-se pelas janelas fechadas, o som da chuva tamborilando no telhado do barracão do jardim atrás da casa, o zumbido do vento na escuridão, provocavam nele, subitamente, uma espécie de alegria tranquila e poderosa que julgara nunca mais ser capaz  de sentir".

Amos Oz, em 1965 / fonte: wikipédia
Fundou, na década de 1970, juntamente com outros, o movimento pacifista israelita Schalom Achschaw (Peace Now), pela Solução de Dois Estados.


29/08/2023

Montagem da Exposição TAKE 2 do Coletivo 112




 

Leitura

 "A nova Coventry", de Sue Townsend

28/08/2023

Série MONTANHAS

 





MONTANHAS foi um  projecto iniciado em 2022, com recurso a técnicas manuais de tipografia, e tinta offset vermelha. Terra de neve ou Por quem os sinos dobram, são apenas dois entre muitos dos livros que serviram de inspiração para este trabalho. Montanha como espaço poético, sagrado mas também como espaço de refúgio, de luta, de guerrilha. Montanha como símbolo da nossa casa natural, protetora mas também ameaçadora. A série explora a composição triangular, o crescimento e as estruturas irregulares.

23/08/2023

Leitura

 "Fantasias de Mulher", de Siri Hustvedt

A minha estreia começou bem. Siri Hustevedt prende e foi a minha companhia na viagem Messines-Caminha. A minha amiga Sofia sugeriu e agora presenteio-a com este romance tipicamente norte - americano.


Siri Hustvedt


09/07/2023

Leituras

 "A humilhação ", de Philip Roth

01/07/2023

Paul Auster again!

 "Sunset Park", de Paul Auster

O que me impressiona nos livros de P. Auster é o facto de me fazerem entrar no "filme". São livros cinematográficos, contemporâneos, cuja ficção é uma forma de  abordar questões com tendência a serem esquecidas. P. Auster levanta as memórias (reais) dos índios Mohawks, que construíram os arranha-céus de NY ("que por alguma razão não tem medo das alturas", fala dos massacres do povo indígena americano,  e, relembra a questão da liberdade de expressão (e da falta dela)e a missão da PEN América. Entretanto, como pano de fundo , uma história de amor e  um grupo de amigos okupas! Entretanto comecei a ler o meu primeiro livro de Jonathan Littel (outro nova iorquino). São 800 paginas, livro pesado, que estava a guardar para ler no verão. Um livro pesado, porque o narrador é um ex oficial das SS. Um livro sobre a banalidade do mal (Hannah Arendt) ? 

07/06/2023

 “UM POEMA OU UMA ÁRVORE PODEM AINDA SALVAR O MUNDO”

 

 

Eugénio de Andrade


30/05/2023

Leitura inquietante

 Hélia Correia, "Montedemo"


fonte: infopedia


21/05/2023

18/05/2023

Mais leituras

 "Terra de Neve" de Yasunari Kawabata

Lido pela primeira vez em 1983 e relido agora. Tão bonito:


"O pôr do sol não tinha conseguido interromper o permanente canto dos mil insetos de Outono" e isto é só uma formiguinha no meio de tanta ode à natureza. Uma verdadeira prosa poética maravilhosamente encantadora, com todos os sentidos a trabalhar. Foi uma bela viagem.




06/05/2023

Páginas do meu livro de imagens "O Lugar da Árvore", de Março de 2021

 Uma imagem com textoDescrição gerada automaticamente

Uma imagem com texto

Descrição gerada automaticamente


Entendo o livro de artista como uma extensão da literatura abraçando as artes plásticas, e vice-versa, de cariz quase sempre poética e de múltiplas significações.

05/05/2023

Escrever

 "(...)

Vesti-me, agarrei no meu caderno de apontamentos e fui sentar-me numa cadeira de verga, na varanda, à entrada do hotel - onde ainda estou. Escrever acalma-me, devolve-me a confiança, ajuda-me a pensar." 

José Eduardo Agualusa in "Um estranho em Goa"

18/04/2023

Leituras

Valter Hugo Mãe, "As mais belas coisas do mundo"

Ernest Hemingway, "Por quem os sinos dobram"

Carlos Costa, " Cratera"

Luís Sepúlveda, "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar"

José Eduardo Agualusa, "Um estranho em Goa"

18/03/2023

Desenhos 2022 - acrílico, carvão fotografias coladas, etc

"Face"

                                              

"Cintilação"

"Il faut toujours commencer par la vérité"

"Maintenant tout le monde savait"

                                                                "Travessia"

"Carvalho"

"Inquiétude"





05/03/2023

Leituras de um quase fim de Inverno

"Balthazar", Lawrence Durrell

"A hora do diabo", Fernando Pessoa


"Depois: as primeiras golfadas do ar puro do deserto e a nudez do espaço, puro como um teorema, estendendo-se até ao céu, afundado no seu próprio silêncio e majestade, onde apenas reinam as criaturas que a imaginação do homem inventou para povoar as paisagens hostis às suas paixões e cuja pureza excita o espírito." (Balthazar)

"A verdade é grande e prevalecerá

 Mesmo que ninguém se importe com ela". (citação de poema de Coventry Patmore in Balthazar)


"Muitas metafísicas não passam de religiões individuais" (Fernando Pessoa)

"Quem tem deuses não tem tédio. O tédio é a falta de uma mitologia" (Fernando Pessoa)

06/01/2023

Leituras de Janeiro de 2023

 "Monsenhor Quixote", de Graham Greene

"As loucuras de Brooklyn", de Paul Auster

"Um homem não chora", de Luís de Sttau Monteiro

"Na praia de Chesil", de Ian McEwan

"O cônsul honorário", de Graham Greene

"Pela luz dos meus olhos", Joyce Cary



24/12/2022

23/12/2022

Leituras

 Depois de "O escritor fantasma", "O complexo de Portnoy", "O animal moribundo" e "Todo-o-mundo", li "A mancha humana". 

22/11/2022

As minhas leituras de adolescente

lido em 1981 "A Torre de Nesle" (Vol. I,II e III), de Michel Zévaco

             "A Roda da Fortuna", de Roger Vailland

lido em 1982 - "Moderato Cantabile", de Marguerite Duras

E isto é só o princípio. Nessa altura li muito. Steinbeck, Jack London, Charles Dickens e muitos outros. No fim do livro deixava escrito a lápis a data de conclusão da minha leitura. Coisas de família. Hábitos. E ainda bem.

14/11/2022

leituras

 "Sono de Primavera _ poemas Chineses"


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NA ERMIDA DO PARQUE DOS VEADOS

de Wang Wei

Não se vê ninguém nesta montanha

Um eco de vozes ao longe se perde

A luz do poente que rompe por entre os ramos

ilumina ainda o musgo verde


23/10/2022

leituras enquanto dura a borrasca

"Um filho do sol", de Jack London 

e "Memória das minhas putas tristes", de Gabriel García Márquez

"(...) atravessou-me a ideia complacente de que a vida não fosse algo que corre como o rio de Heraclito, mas sim uma ocasião única de dar a volta na grelha e continuar a assar do outro lado durante mais noventa anos".: 108, 1ª edição Fevereiro de 2005, publicações Dom Quixote

16/10/2022

Leituras

 "Filhos da guerra", de Pearl Buck

Agarrada ao livro durante três dias. Sobre os filhos da guerra da Coreia, sobre um filho, mais precisamente (os filhos dos soldados norte-americanos eram assassinados pelos coreanos do norte). A escrita de Pearl Buck é tão fluída, o romance tão bem estruturado, a poesia das descrições tão natural, que parece tudo fácil de acontecer na literatura desta pérola. Mas não é. Natural born writer

Entretanto tive a sorte de me terem oferecido esta semana dois livros da Pearl Buck, escritos para crianças. Ansiosa para os ler!

13/10/2022

"Os anões"

 Depois do "Monta-cargas", o segundo que leio de Harold Pinter. Alguém que me explique o título, porque eu não consigo chegar lá. 


09/10/2022

Leituras

 "O milagre de São Francisco", de John Steinbeck




05/10/2022

Leituras

"Tormenta de Verão", de Juan Garcia Hortelano

Prémio FORMENTOR, em 1961

"Já era dia, mas algo indefinível convertia a paisagem num crepúsculo lento".

"O ar imóvel pressagiava a tempestade".

Romance poético, com belíssimas descrições de paisagens  contrabalançando com  diálogos em modo de guião de teatro, e que, aborda, sem se focar propriamente nela, a guerra civil espanhola. 



27/09/2022

leitura de Outono quente

 "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá", Jorge Amado

Uma história de amor em quatro andamentos (estações). Esta leitura também para relembrar uma ida ao teatro há muito tempo e que me fez escolher o teatro. Pelo TAI (Teatro amador de intervenção, do Porto, anos 80). MIAUUUUUU!

13/09/2022

Últimas leituras de Verão: "A China fica aqui ao lado" e "A Cidade das Livrarias Mortas"

 "A China fica ao lado", de Maria Ondina Braga


"O mar ressoava no côncavo das rochas. Ele arrancou um ramo de lúcia-lima de um arbusto próximo, esmagou as folhas nos dedos, o perfume espalhou-se, tomou conta da noite." :78 (Bertrand, edição unibolso)


Eu, que leio Pearl Buck com devoção, li estes contos de Maria Ondina Braga, envergonhada por só agora a descobrir, esta pérola. 

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"A Cidade das Livrarias Mortas", de Francisco Duarte Mangas

Este livro - lido em menos de 24 horas - fez-me reviver as minhas primeiras incursões aos alfarrabistas do Porto (comecei cedo e lembro-me de muitos) e a outras livrarias já fechadas. Agora procuro livros em armazéns obscuros, onde os livros são objetos indesejados, despejados de um dono incógnito. 


29/08/2022

Leituras de fim de Agosto...

 "O pátio maldito", de Ivo Andric

"Mas é a ciência, são os livros! - interrompeu-o, desesperado, o juiz, que por experiência sabia quão nocivas e perigosas para a sociedade e para o indivíduo podem ser as pessoas tacanhas, que, por serem limitadas, acreditam infinitamente na sua inteligência, na sua perspicácia e no acerto de todos os seus julgamentos e todas as suas conclusões."

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"Antologia Poética", de Carl Sandburg

"(...)

Os homens que implantaram as pilastras e misturaram

o cimento jazem agora em túmulos onde o vento

assobia uma canção selvagem sem palavras (...)" (excerto do poema a Arranha-céus)

22/08/2022

Leituras com luz de Agosto

 "A noiva judia", de Pedro Paixão

"Já reparou certamente que comigo não se vai a sítio algum. Nem de passear gosto. Continuo imóvel diante da janela do quarto de minha mãe. E o meu Inverno chega-me."

"As palavras deviam ser racionadas. Ter, por exemplo, quinze por dia para gastar. Isso tornar-nos-ia menos cansativos, mais humanos."

"A vida não é uma coisa que se deseje a ninguém".

18/08/2022

Leituras

"O animal moribundo", de Philip Roth 

 "Penso que estamos inteiros antes de começarmos. E o amor fractura-nos. Estás inteiro e depois estás fracturado, aberto." (não é bonito?) E depois, umas poucas páginas à frente, ali está , a referência ao título. O poema "Sailing to Byzantium" de Yeats. A pesquisar, descubro várias traduções (veja-se o blog formasfixas) e escolho esta (apenas um excerto), de Alberto Soares:

 "(...)
Ó sábios guardiões do sagrado fogo de Deus 
Como no dourado mosaico da parede 
Deixai o fogo sagrado, falcão de seu voo circular, 
Sêde os mestres-cantores da minha alma.
Esgotai meu coração; doente no desejo
E preso a um animal moribundo
Que não se reconhece no que é; acolhei-me 
No artifício próprio da eternidade. 
(...)"

 fonte: http://arpose.blogspot.com/2010/05/william-butler-yeats.html
 Yeats

16/08/2022

Leitura em viagem

 "A romana", Alberto Moravia


"(...) todos os homens, sem exceção, são dignos de compaixão, quanto mais não seja só pelo facto de estarem vivos."

"O amor-próprio é um curioso animal que pode não acordar aos mais cruéis golpes e despertar ferido de morte por uma simples arranhadura. (...)"

Mais um livro do Moravia lido sofregamente, tal como se lê um  livro escrito por um dos grandes. Eu gosto de ler tanto como de ver cinema. Ler Moravia é como ir ao cinema. Desta vez foi sentada numa carruagem de comboio, interrompendo a leitura para observar as planícies alentejanas. Uma leitura comovente.



07/08/2022

Leituras

 "O Processo", F. Kafka


"Numa manhã de Inverno em que a neve caía envolvida por uma luz baça, K. encontrava-se sentado no seu escritório e, apesar da hora matutina, sentia-se já extremamente fatigado".

Franz Kafka em 1906. Foto: Sigismund Jacobi


Sob a aveleira

ouve-se o som do tombar do fruto.

(MJC, agosto 2022)

31/07/2022

Leituras

 "A hora da sensação verdadeira", de Peter Handke

(estava à espera de um literatura mais calma, até porque a seguir já tinha previsto reler "O processo", do Kafka. Enfim, terá sido o destino que me preparou espontaneamente para escritas complexas. Porém, fiquei curiosa e li na wikipédia que o sr Peter H. defendeu o Milošević, o que me fez arrepiar mas também duvidar. Como pode um homem das letras e do teatro proteger um assassino?)

28/07/2022

Leituras

 "A Varanda do Frangipani", Mia Couto

Aquelas luzes ficavam a flutuar nas ondas e eram brilhos avermelhando as espumas. Marta parecia inclinada a poesias. Disse que a luz é mais leve que a água, seus reflexos ficam boiando como peixes lunares, algas de fogo. 

"O Imperador de Portugal", Selma Lagerlof







fonte da imagem: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Picture_of_Selma_Lagerl%C3%B6f.jpg

24/07/2022

Leituras de verão (com altas temperaturas)

"O livro de Cesário Verde", Cesário Verde

"Memorial de Convento", José Saramago

 

Porque, enfim, podemos fugir de tudo, não de nós próprios

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não somos nada neste mundo, e quanto temos cá fica

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é um defeito comum nos homens, mais facilmente dizerem o que julgam querer ser ouvido por outrem do que cingirem-se à verdade

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bendita sejas tu, noite, que cobres e proteges o belo e o feio com a mesma indiferente capa

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Está um lindo tempo para ir ver uma máquina de voar, passam no céu grandes nuvens brancas, que bom seria levantar-se a passarola uma vez mais que fosse, subir pelos ares fora, rodear aqueles castelos suspensos, ousar o que aves não ousam, entrar por eles gloriosamente, tremer de medo e de frio, e depois sair para o azul e para o sol, ver a terra formosa e dizer, Terra, que bela é Blimunda

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02/07/2022

D.H. Lawrence on His own Painting

 ” ‘I have learnt now not to work from objects, not to have models, not to have a technique… The picture must all come out of the artist’s inside, awareness of forms and figures. We can call it memory, but it is more than memory. It is the image as it lives in the consciousness, alive like a vision, but unknown’ ” (The Art of D.H. Lawrence).

fonte: Lawrence's Art | British Literature Wiki (udel.edu)


leituras de Verão


Ao Percorrer com os meus olhos  este livro ("António e Cleópatra"), ocorreu-me ao espírito a  figura de Paula Rego, desaparecida recentemente do mundo dos vivos. 

"(...)

A queda de tão grande figura deveria ter produzido 

um estrondo maior. Por todo o mundo 

Deveriam os leões ter saído a vaguear pelas cidades

Refugiando-se os cidadãos nas suas cavernas (...)"

in "António e Cleópatra", William Shakespeare

21/06/2022

Outras leituras

"A ignorância", Milan Kundera

"O monta-cargas", Harold Pinter (traduzido por L. Sttau Monteiro)


Harold Pinter

Na edição TEMPO  de Teatro, número 3,  a cargo de Luís Sttau Monteiro, este escreve, " Em certo sentido o teatro foi e será sempre um espelho do homem e do seu tempo. Através do teatro o homem tenta tomar consciência dos eventos que o levam a atuar desta ou daquela maneira, até para aprender a controlar esses mesmos eventos, e, dessa forma, a sua própria vida.(...)".

Lendo num ápice, este pequena peça, fiquei com aquela sensação pesada e desconfortável de quando o teatro em cena te abana e te marca. 

16/06/2022

Leituras

 John Irving, "Um filho do circo"

Comecei a ler J.Irving (esse especialista em enredos cinematográficos)há mais de trinta anos com o "O novo hotel Hampshire" (de 1981). É daqueles livros que nunca me saiu da cabeça. Ficou lá não apenas a atmosfera, mas as imagens que o escritor transfere do seu universo literário. O urso, a filha anã, o acidente de avião, o hotel. Em "O filho do circo", a escrita do J.I. põe-me a ler desenfreadamente. Não quero saber de mais nada. Leio e entro na história(fico em casa e recuso convites simpáticos). O motorista anão, o transexual, o macaco, o circo. O primeiro J.I. foi emprestado por uma amiga. Agora adquiri outro exemplar do novo hotel para o reler muito em breve, na cama de baloiço. Afinal de contas quando gostamos de um filme vemo-lo mais do que uma vez.

13/05/2022

Leituras

 "Cartas a Sandra", Vergílio Ferreira







24/04/2022

"Dr. Fintosse", Técnica Mista, 15 x 15 x 10 cm, 2002


                                             Coleção Francisca Alves Costa