13/07/2024

"Elogio da Intolerância" de Slavoj Zizek

Escrito em 2004, este filósofo e investigador analisa o ressurgir da extrema-direita nos dias de hoje e a reconfiguração da paisagem política e cultural. Tempos estranhos em que vivemos, escreve. Aqueles que nos anos 60 criticavam o estado (como repressivo) agora defendem-no. Mas quem no seu perfeito juízo não defende hoje um estado social forte? Slavoj Zizek observa que as visões foram trocadas face também aquilo que hoje se entende por globalização. "Tudo se passa, com efeito, como se os papéis tivessem sido, hoje, trocados: os esquerdistas sustentam o estado forte invocando o motivo de ele representar a última garantia das liberdades sociais e civis perante o Capital ao mesmo tempo que a gente de direita demoniza o estado e os seus aparelhos, apresentando-os como máquina de aterrorizar suprema..." É uma estranha inversão, escreve.

Mais : "O postulado subjacente a estas estranhas inversões é o facto de a esquerda moderada de hoje, de Blair a Clinton, aceitar silenciosamente a despolitização da economia - e por isso a única força política séria que persiste em questionar a regra incontestada do mercado é a extrema-direita populista(Buchanan no EUA e Le Pen em França"

(...)

"Estamos a caminho de uma situação, portanto, em que a extrema-direita diz abertamente o que a esquerda moderada pensa em segredo, sem se atrever a formulá-la em público (a necessidade de pôr um limite à liberdade do Capital)".

(...)

"A única via de saída deste beco, e o primeiro passo, portanto a caminho de uma renovação da esquerda, é a reafirmação de uma crítica virulenta, fortemente intolerante, da civilização capitalista global".

E continuo a estudar este livrinho. Nada fácil. Nada fácil.

Na página 75 define o Capital como "uma máquina global anónima que continua cegamente a sua carreira, sem que de facto existe qualquer Agente Secreto particular que o anime".

A politização pós-moderna reinvindica domínios anteriormente não-políticos tais como feminismo, política gay, ecologia, questões de ordem étnica, etc

"A própria via familiar se politiza, se transforma numa parte do domínio público"

O filósofo analisa também aquilo a que chama a autoridade patriarcal simbólica e o seu respetivo declínio e desintegração face à sociedade capitalista moderna e a emergência da personalidade conformista/narcísica guiada por outrem mas sem a coersão tradicional.

"A ausência de proibição simbólica é reforçada pela reemergência de figuras ferozes do supereu" , observável na educação sem autoridade, a chamada falsa aparência de uma livre escolha.

Num outro capítulo, o pensador aborda a filosofia new age e o seu universo protopsicótico, em que cada coisa tem uma significação.


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