"A Pianista", Elfriede Jelinek
"(...)em rigor da arte nunca se faz férias, ela persegue um indivíduo para onde quer que ele vá, e o artista só tem a ganhar com isso." : 36
"O Companheiro Secreto", Joseph Conrad
J. Conrad / fonte: wikipédia |
Sobre o processo criativo e assuntos afins
O Estranho mundo de Garp, de John Irving
"Em 1918 a gripe espanhola matava muitos daqueles que tinham escapado à guerra; mataria o velho Klimt, o jovem Schiele e a jovem mulher de Schiele. Quarente por cento da restante população feminina não sobreviveria à Segunda Guerra Mundial(...)". : 69
"(...)a parte biográfica - se é que existia - era o que de menos interessante havia na leitura de um romance. Declarava sempre que a ficção era o ato de imaginar verdadeiramente - que era , como qualquer arte, um processo de seleção. Recordações e histórias pessoais - "todos os traumas das nossas vidas em nada de memorável" eram modelos suspeitos de ficção. Como Garp costumava dizer: " A ficção devia ser melhor que a vida", e detestava conscientemente aquilo a que chamava "a falsa imagem das experiências pessoais" dos escritores cujos livros eram importantes porque algo de importante ocorrera nas suas vidas.(...)" : 278
"Os anos", de Annie Ernaux
respeitar o pão, em cada grão de trigo está a face de Deus :26
Deus está morto, Marx também, e eu não me sinto lá muito bem :130
"Empúsio", de Olga Tokarczuk (Prémio Nobel em 2019)
Incrivelmente bonito e apetecível. Destaco a sua capacidade para descrever odores. Isso fez-me estar mais atenta aos detalhes olfativos. Dei hoje um pequeno passeio junto do rio Coura e senti como um cão um cheiro a animal morto em estado de putrefação, possivelmente um pequeno animal, embora o odor se sobrepusesse ao odor das pedras molhadas e das árvores que ali existem. A morte chama sempre a atenção.
Escrito em 2004, este filósofo e investigador analisa o ressurgir da extrema-direita nos dias de hoje e a reconfiguração da paisagem política e cultural. Tempos estranhos em que vivemos, escreve. Aqueles que nos anos 60 criticavam o estado (como repressivo) agora defendem-no. Mas quem no seu perfeito juízo não defende hoje um estado social forte? Slavoj Zizek observa que as visões foram trocadas face também aquilo que hoje se entende por globalização. "Tudo se passa, com efeito, como se os papéis tivessem sido, hoje, trocados: os esquerdistas sustentam o estado forte invocando o motivo de ele representar a última garantia das liberdades sociais e civis perante o Capital ao mesmo tempo que a gente de direita demoniza o estado e os seus aparelhos, apresentando-os como máquina de aterrorizar suprema..." É uma estranha inversão, escreve.
Mais : "O postulado subjacente a estas estranhas inversões é o facto de a esquerda moderada de hoje, de Blair a Clinton, aceitar silenciosamente a despolitização da economia - e por isso a única força política séria que persiste em questionar a regra incontestada do mercado é a extrema-direita populista(Buchanan no EUA e Le Pen em França"
(...)
"Estamos a caminho de uma situação, portanto, em que a extrema-direita diz abertamente o que a esquerda moderada pensa em segredo, sem se atrever a formulá-la em público (a necessidade de pôr um limite à liberdade do Capital)".
(...)
"A única via de saída deste beco, e o primeiro passo, portanto a caminho de uma renovação da esquerda, é a reafirmação de uma crítica virulenta, fortemente intolerante, da civilização capitalista global".
E continuo a estudar este livrinho. Nada fácil. Nada fácil.
Na página 75 define o Capital como "uma máquina global anónima que continua cegamente a sua carreira, sem que de facto existe qualquer Agente Secreto particular que o anime".
A politização pós-moderna reinvindica domínios anteriormente não-políticos tais como feminismo, política gay, ecologia, questões de ordem étnica, etc
"A própria via familiar se politiza, se transforma numa parte do domínio público"
O filósofo analisa também aquilo a que chama a autoridade patriarcal simbólica e o seu respetivo declínio e desintegração face à sociedade capitalista moderna e a emergência da personalidade conformista/narcísica guiada por outrem mas sem a coersão tradicional.
"A ausência de proibição simbólica é reforçada pela reemergência de figuras ferozes do supereu" , observável na educação sem autoridade, a chamada falsa aparência de uma livre escolha.
Num outro capítulo, o pensador aborda a filosofia new age e o seu universo protopsicótico, em que cada coisa tem uma significação.
"História da Violência", Edouard Louis
"Cartas a um amigo alemão", Albert Camus
"O sangue dos outros", de Simone de Beauvoir
O romance escrito em 1945 aborda a questão da ação política. Que "massas cegas" são essas que avançam para a guerra matando os seus iguais? Mas , contudo, quem pode ficar indiferente?
Um romance que aborda o amor, o proletariado , a burguesia, a arte e a guerra.
"Nada de nada. Criar é um esforço para exprimir o próprio ser; mas primeiro é preciso ser. É já toda uma tarefa.É preciso encontrar um meio de nos pormos em contacto com o ser. (...)"
"Depois de se estar morto, de que serve ter-se sido generoso, heróico e tudo o mais? Oh, sinto horror de pensar em morrer."
"O coração apertou-se-me. Não muito leve. O céu estava limpo, a luz transparente e, contudo, tenaz, insistente, sentia desprender-se à minha volta um cheiro insípido, como se sob a sua película lustrosa todos estes instantes estivessem apodrecidos no coração: era o cheiro insípido da resignação".
"Istambul - memórias de uma cidade", de Orhan Pamuk
"Tinham razão aqueles que nos haviam ensinado, ao longo da minha vida escolar, que os estreitos eram a chave da conquista do mundo, que eram o coração da geopolítica mundial, e que, por essa razão, todas as nações e todos os exércitos, e em primeiro lugar os russos, desejavam apoderar-se do nosso belo Bósforo".
"Em 1852 (...) nas ruas de Istambul falava-se turco, grego, arménio, italiano, francês e inglês (e, mais ainda do que estas duas últimas línguas, falava-se o que se chama ladino, a língua dos judeus da península Ibérica)"
"A esperança é um estado infantil, é a resistência da imaginação": : 314
"Uma paixão simples", Annie Ernaux
"Capitalismo e Pulsão de Morte" , Byung-Chul Han
Sobre a exploração total do homem porque já não há nenhuma área que escape à valorização comercial : 27
Sobre a perda da confiança porque essa se torna desnecessária, supérflua, quando existe um controle total sobre o outro e a perda crescente sobre os valores morais tais como a honestidade e a sinceridade : 29/39
Sobre os zombies, a nova classe de utilizadores de telemóveis : 37
Uma relação transparente é também uma relação morta, desprovida de qualquer atração. Só o que está morto é transparente. Peter Handke, refere o filósofo, diz que vive daquilo que os outros não sabem de si: 41
Sobre o crescimento do vazio e da automutilação dos jovens: 47
Sobre o amor. O amor sem ferida é impensável. Mas a eliminação de toda a negatividade que caracteriza a nossa sociedade faz-nos máquinas: ou funcionam na perfeição ou estão avariadas. Perde-se o conflito e as pessoas amadurecem e crescem ao trabalhar os conflitos:51
Sobre a obsessão das selfies. Para escapar ao tormento do vazio recorre-se à lâmina de barbear ou ao smarthphone. As pessoas comportam-se como mercadorias. A fotografia não como uma recordação mas como uma montra.
Mas também sobre a prosperidade do ocidente e a miséria dos outros.
E sobre a xenofobia.
Um filósofo a descobrir.
"Se isto é um homem", Primo Levi
Difícil tecer comentários sobre este testemunho, de um sobrevivente do holocausto. E a destruição do homem pelo homem continua no ano de 2024, quando muitos julgavam que uma nova era se avizinhava. Se isto é um homem.
"(...) E suponho que é aí que a vida termina para a maior parte das pessoas, é quando as pessoas cristalizam nas atitudes que adoptam para se adequarem aos trabalhos e às vidas que os outros criaram para elas".
"Terra Sonâmbula", de Mia Couto
" (...)Minha alma era um rio parado, nenhum vento me enluava a vela dos meus sonhos. Desde a morte de meu pai me derivo sozinho, orfão como uma onda, irmão das coisas sem nome."
"O Hotel New Hampshire", de John Irving
Traduzido por Ana Falcão Bastos, li-o nos anos 90 por ter tido a sorte da Cláudia (a filha da tradutora) me ter emprestado esse livro (entre outros também icónicos da nossa geração), relendo-o há uns dias. Ficou-me uma certa nostalgia desse escritor que nos acompanhava juntamente com o Paul Auster. A um ritmo alucinante, a história entranha-se e ganha-se uma estima pela família de Franny, desejando ser a sua criadora. Não aconselhável a jovens conservadores de ultra direita!
"Assim lhes fazemos a guerra", de Joseph Andras
"(...) E depois foi necessário cozer os alimentos, manter à distância as criaturas ferozes e estender o dia, e então a espécie domou o fogo. Foi preciso dar a conhecer a lei, os feitos insignes e os números das cidades florescentes, e então a espécie inventou a escrita. Foi preciso trespassar a carne do inimigo ainda com mais vigor, e então a espécie construiu o canhão. E quando a espécie teve tudo isso, as palavras bem posicionadas na laringe, o fogo bem dominado na lareira, as frases cuidadosamente elaboradas nos pergaminhos em peles e os crâneos importunos perfurados ao longe, a espécie não escondeu o seu orgulho. Todavia ela não havia de deixar de se aperceber de que havia qualquer coisa de errado (...)" (tradutor: Luís Leitão)
Três histórias de grande potencial transformador porque não são só as viagens que nos transformam mas mais do que elas, são as grandes ideias. Um pequeno grande livro sobre sabotagem.
"Sem olhos em Gaza", de Aldous Huxley
"Os grandes artistas transportam-nos ao céu".
"Um dia feliz", de Pearl Buck
"Wakefield", de Nathaniel Hawthorne
"O cemitério dos barcos sem nome", de Arturo Pérez-Reverte
"Não matem o bébé", de Kenzaburo Oe
Kenzaburo Oe (1935-2023), escritor japonês, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1994.
"O sonho é a prova de que imaginar, sonhar com o que nunca existiu, é uma das necessidades mais profundas do homem".
"já tivera tempo para perceber que as pessoas se regozijam de mais com a humilhação moral de outrem para deixar que lhes estraguem esse gosto com explicações".
Pearl S. Buck, "As três filhas da senhora Liang"
"(...) Agora não havia pássaros. Tinham sido exterminados por ordem governamental, e o Governo descobrira, tarde de mais, que sem pássaros os insetos se transformavam numa verdadeira praga."
(Referência à Campanha da quatro pragas: ratos, moscas, mosquitos e pardais. O extermínio dos pardais fez com que proliferassem os insetos, razão essa (entre outras más decisões de Mao Tsé-Tung) que deu origem à Grande Fome, entre 1959 e 1961, na China).
"Em 1959, os comunistas chineses , sob as ordens de Mao, invadiram o Tibete, puseram a ferro e fogo os mosteiros, massacraram milhares de monges e obrigaram o Dalai Lama a fugir para a Índia. Aquele Tibete, país misterioso e independente, acabara aí. A seguir, foi colonizado, destruído e voltado a construir à maneira chinesa. Mas o mito sobreviveu. Ou antes: tornou-se o símbolo da civilização do espírito atormentado pelo materialismo comunista."
" (...) é sabido que tudo, qualquer coisa, qualquer lugar, qualquer acontecimento, possui o seu significado psíquico para além daquele que é aparente; porque a cada imagem exterior, visível, corresponde uma imagem interior, que evoca em cada um de nós uma realidade muito mais verdadeira e profunda do que a que chega até nós através dos sentidos. Deverá ser este, certamente, o sentido dos símbolos, dos mitos e das lendas - ajudam-nos a ir muito mais além, a olhar para lá do visível (...)"
"(...)O escritor inglês Somerset Maugham entrou um dia na sala onde se encontrava o Ramana e desmaiou" (em rodapé acrescenta: Somerset Maugham referiu-se a essa ocorrência no seu livro de ensaios Pontos de vista (1958)e, a partir dessa experiência, haveria de nascer um dos seus mais famosos romances, O fio da navalha (1944)).
" Não é necessário andar à procura do que é extraordinário, quando o vulgar, se for observado como deve ser, por si só já tem imenso de surpreendente. E até de divino".
(Tradução por Pedro Sousa Pires)
Tiziano Terzani/ foto da Net |
"Além disso era Outono, uma chuva cinzenta e suja despia as árvores, afundei-me lentamente na angústia. Apercebi-me de que pensar não é coisa boa." (: 14) As Benevolentes
"Murmurar noturno do rio" : 15 idem
"Um tranquilo abandono banhava o lugar" : 207 idem
"Um vento ligeiro fazia crepitar as árvores": 237 idem
"As Benevolentes" de Jonathan Littell e "Uma outra volta de Carrocel" de Tiziano Terzani traduzido do italiano para o português pelo meu irmão Pedro (Pi).
Começando pelas Benovolentes acho que posso dizer que foi o livro que me custou mais ler em toda a minha vida. Interrompi diversas vezes a sua leitura recomeçando-a meses mais tarde, intercalando-o com outros livros. Trata-se da narração de episódios da vida de um oficial nazi, na primeira pessoa (uma personagem criada pelo escritor), desde a passagem pela frente de combate junto a Leninegrado até ao bombardeamento de Berlim pelos aliados entre outros episódios aterradores. O que me impressionou foi a importância da abordagem matemática que é apresentada. E lê-se, na esperança do arrependimento da personagem, embora isso nunca aconteça.
O último livro que li foi uma experiência extraordinária. Já tinha lido do mesmo escritor jornalista a edição da Tinta da China o "Disse- me um adivinho" e quando o meu irmão me deu para ler, ainda por editar, "Uma outra volta no Carrocel" não me apercebi que se tratava do mesmo autor. Pode-se dizer que são escritos de viagem, uma quase diário, mas, é quanto a mim, e sobretudo, um livro fora do baralho. Podia estar na prateleira da biblioteca, secção de viagens mas também podia estar na secção de medicinas alternativas ou ainda na secção de livros para ler quando me encontro doente e me quero sentir melhor!
"Coral", desenho a marcador e decalque sobre tábua de madeira, 2023 |
"Conhecer uma mulher" de Amos Oz
"As pessoas anseiam fascinar ou encantar os outros para preencherem um vazio dentro de si próprias (...)"
"Por vezes acontecia-lhe que essas noites de Outono, em que o cheiro do mar frio infiltrando-se pelas janelas fechadas, o som da chuva tamborilando no telhado do barracão do jardim atrás da casa, o zumbido do vento na escuridão, provocavam nele, subitamente, uma espécie de alegria tranquila e poderosa que julgara nunca mais ser capaz de sentir".
MONTANHAS foi um projecto iniciado em 2022, com recurso a técnicas manuais de tipografia, e tinta offset vermelha. Terra de neve ou Por quem os sinos dobram, são apenas dois entre muitos dos livros que serviram de inspiração para este trabalho. Montanha como espaço poético, sagrado mas também como espaço de refúgio, de luta, de guerrilha. Montanha como símbolo da nossa casa natural, protetora mas também ameaçadora. A série explora a composição triangular, o crescimento e as estruturas irregulares.
"Fantasias de Mulher", de Siri Hustvedt
A minha estreia começou bem. Siri Hustevedt prende e foi a minha companhia na viagem Messines-Caminha. A minha amiga Sofia sugeriu e agora presenteio-a com este romance tipicamente norte - americano.
"Sunset Park", de Paul Auster
O que me impressiona nos livros de P. Auster é o facto de me fazerem entrar no "filme". São livros cinematográficos, contemporâneos, cuja ficção é uma forma de abordar questões com tendência a serem esquecidas. P. Auster levanta as memórias (reais) dos índios Mohawks, que construíram os arranha-céus de NY ("que por alguma razão não tem medo das alturas", fala dos massacres do povo indígena americano, e, relembra a questão da liberdade de expressão (e da falta dela)e a missão da PEN América. Entretanto, como pano de fundo , uma história de amor e um grupo de amigos okupas! Entretanto comecei a ler o meu primeiro livro de Jonathan Littel (outro nova iorquino). São 800 paginas, livro pesado, que estava a guardar para ler no verão. Um livro pesado, porque o narrador é um ex oficial das SS. Um livro sobre a banalidade do mal (Hannah Arendt) ?
"Terra de Neve" de Yasunari Kawabata
Lido pela primeira vez em 1983 e relido agora. Tão bonito:
"O pôr do sol não tinha conseguido interromper o permanente canto dos mil insetos de Outono" e isto é só uma formiguinha no meio de tanta ode à natureza. Uma verdadeira prosa poética maravilhosamente encantadora, com todos os sentidos a trabalhar. Foi uma bela viagem.
Entendo o livro de artista como uma extensão da literatura abraçando as artes plásticas, e vice-versa, de cariz quase sempre poética e de múltiplas significações.
"(...)
Vesti-me, agarrei no meu caderno de apontamentos e fui sentar-me numa cadeira de verga, na varanda, à entrada do hotel - onde ainda estou. Escrever acalma-me, devolve-me a confiança, ajuda-me a pensar."
José Eduardo Agualusa in "Um estranho em Goa"
Valter Hugo Mãe, "As mais belas coisas do mundo"
Ernest Hemingway, "Por quem os sinos dobram"
Carlos Costa, " Cratera"
Luís Sepúlveda, "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar"
José Eduardo Agualusa, "Um estranho em Goa"
"Balthazar", Lawrence Durrell
"A hora do diabo", Fernando Pessoa
"Depois: as primeiras golfadas do ar puro do deserto e a nudez do espaço, puro como um teorema, estendendo-se até ao céu, afundado no seu próprio silêncio e majestade, onde apenas reinam as criaturas que a imaginação do homem inventou para povoar as paisagens hostis às suas paixões e cuja pureza excita o espírito." (Balthazar)
"A verdade é grande e prevalecerá
Mesmo que ninguém se importe com ela". (citação de poema de Coventry Patmore in Balthazar)
"Muitas metafísicas não passam de religiões individuais" (Fernando Pessoa)
"Quem tem deuses não tem tédio. O tédio é a falta de uma mitologia" (Fernando Pessoa)
"Monsenhor Quixote", de Graham Greene
"As loucuras de Brooklyn", de Paul Auster
"Um homem não chora", de Luís de Sttau Monteiro
"Na praia de Chesil", de Ian McEwan
"O cônsul honorário", de Graham Greene
"Pela luz dos meus olhos", Joyce Cary