"Tenho tal medo da palavra dos homens.
Eles exprimem tudo com tanta clareza:
e isto chama-se cão e aquilo casa,
e aqui é o começo e acolá é o fim.
E também me amedronta o seu sentido e o seu jogo com o escárnio,
Eles sabem tudo o que vai ser e já foi;
Não há monte que lhes seja maravilha;
O quintal e a quinta deles vão às fronteiras de Deus.
Hei-de advertir e opor-me: Ficai de largo!
Gosto tanto de ouvir cantar as coisas.
Mal lhes tocais, ficam hirtas e mudas.
Matais-me todas as coisas."
(Rainer Maria Rilke)
“(…)
Gostava de sair do meu coração
para debaixo do céu imenso.
(…)”
(Rainer Maria Rilke)
“Apaga-me os olhos: inda posso ver-te,
Tranca-me os ouvidos: inda posso ouvir-te,
e sem pés posso ainda ir para ti,
e sem boca posso inda invocar-te.
Quebra-me os braços, e posso apertar-te
com o coração como com a mão,
tapa-me o coração, e o cérebro baterá,
e se me deitares fogo ao cérebro
hei-de continuar a trazer-te no sangue.”
(Rainer Maria Rilke)
“(…)
Pois o belo não é senão
O começo do terrível, que nós mal podemos ainda suportar
(…)”
(Rainer Maria Rilke)
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1 comentário:
ESTAÇÃO
Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me pois chove miudinho
Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje já é bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça
Mário Cezariny, Pena Capital,1982
MCM
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