29/05/2009

e agora um bocadito de poesia para acalmar !!!

"Tenho tal medo da palavra dos homens.
Eles exprimem tudo com tanta clareza:
e isto chama-se cão e aquilo casa,
e aqui é o começo e acolá é o fim.

E também me amedronta o seu sentido e o seu jogo com o escárnio,
Eles sabem tudo o que vai ser e já foi;
Não há monte que lhes seja maravilha;
O quintal e a quinta deles vão às fronteiras de Deus.

Hei-de advertir e opor-me: Ficai de largo!
Gosto tanto de ouvir cantar as coisas.
Mal lhes tocais, ficam hirtas e mudas.
Matais-me todas as coisas."

(Rainer Maria Rilke)


“(…)
Gostava de sair do meu coração
para debaixo do céu imenso.
(…)”

(Rainer Maria Rilke)

“Apaga-me os olhos: inda posso ver-te,
Tranca-me os ouvidos: inda posso ouvir-te,
e sem pés posso ainda ir para ti,
e sem boca posso inda invocar-te.
Quebra-me os braços, e posso apertar-te
com o coração como com a mão,
tapa-me o coração, e o cérebro baterá,
e se me deitares fogo ao cérebro
hei-de continuar a trazer-te no sangue.”

(Rainer Maria Rilke)

“(…)
Pois o belo não é senão
O começo do terrível, que nós mal podemos ainda suportar
(…)”

(Rainer Maria Rilke)

1 comentário:

Anónimo disse...

ESTAÇÃO

Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me pois chove miudinho


Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje já é bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça

Mário Cezariny, Pena Capital,1982

MCM